CARROSSEL


Eu sou como à flor do jardim
Que todos querem cuidar
Aparentemente sou assim
Uma coisa de bem guardar.
Sou como ao cristal bonito
Que à vista é bem parecido
Só não se vê o que vai escrito
Por falta do que está partido.
Menino doce e apaixonado
Sempre inquieto no querer
É louco, ou desajeitado?
Que lhe importa disso saber!
Que lhe importa disso saber
É questão fundamental
Leva os dias no bem escrever
Que a escrever não vem mal.
E é assim como ao pião
Gira que gira a doidar
Que quem paga é o coração
Sem ter com que pagar.



Jorge Humberto
(03:16/Julho/03/03)
 


NÃO TENHO SAUDADES DE TER SAUDADES

Ah, saudades, só do presente e do que
tenho, porque o que já foi
meu, não é mais saudade, mas
uma realidade, que foi vivida, a seu tempo.
Por isso vivo no agora, festejando a vida e
a natureza, onde os meus olhos
se perdem, entre o céu e a terra e o mar,
no seu fluxo e refluxo, das marés.
Não tenho saudades de ter saudades,
pois a cada dia, que passando
vai, a saudade é somente o que tenho a haver,
por minha vontade indómita, sem qualquer
algoz ou correntes, nos pulsos, que me
façam regredir no tempo – esse impostor;
porque quem vive do passado, passa
a vida a olhar para trás, com pena de si mesmo.
E em águas mansas, corre o rio, de meu viver,
procurando a foz, seu intuito.
E da linha do horizonte (janela aberta),
nasce-me a emoção, de mil sóis despertos.
E no rebrilhado, que deles emana, jardins
se engalanam, das mais lindas
flores, que no presente, eu vou colher,
com a alegria, de já ter havido, qualquer coisa.

Jorge Humberto
29/09/11
 


A VISÃO DO POETA


No alto céu, nuvens espumosas,
desenham lindas figuras,
e a horizonte barcos sulcam as águas,
numa tranquilidade de braços.

Por escrever e só por isso as coisas
existem e se concretizam, a
meus olhos. E o rio corre tranquilo,
para onde as marés o levam.

Até onde eu alcanço, o distinto rio,
tem nas orlas das margens,
um serenar azul, que vai nos azuis
dos azuis, que se espraiam,

até influírem, com as águas indómitas
do mar. Existindo porque são,
mar e rio confluem, em linhas paralelas,
e por julgar, vislumbro um verde,

misturando-se com os azuis, que da
minha janela eu vejo, como
um belo quadro, que agora eu tento
reproduzir, em versos singelos.

E onde as águas se encontram, montes
(a meu ver sempre verdejantes),
sobressaem, no mais alto de si mesmo,
e como num eco, que tem tanto

de visual (ainda que distante), como de
pressuposto, chegam até mim,
e por imaginar, frondosas árvores,
crescem livremente, no intuito do sol.

E deste modo, numa tarde que discorre
sem pressas, coube ao poeta,
a finalidade, de levar aos seus leitores,
um pouco de sua beleza, transcendental.

Jorge Humberto
26/09/10

 

 


 

 


 

 

 

 

 


 

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