A leveza do silêncio

© Joaquim Marques

 

Quão leve és - silêncio - quando acalmas

O sibilar do vento que fustiga montes…

Permites ouvirmos murmúrio nas fontes

Aplaudes o belo não batendo palmas!

És via Divina nos templos sagrados

Onde tantos recorrem pra falar com Deus

Pedindo p’los ímpios e por erros seus

P’los entes queridos e por seus finados!

Dás voz às estrelas que sem fazer ruído

Cintilam nas noites e falam pra lua...

Silêncio, és eco dos vales e prados!

Com tua leveza dás paz e acalmas

Corações aflitos, assaz conturbados…

Sem peso, transmites, consolo às almas!

PORTUGAL

2010

 

OUTONO DA VIDA

© Joaquim Marques

 

No alvorecer das manhãs sem Sol

dias em tom cinzento e sem arrebol

olho p'las vidraças das minhas janelas

e, o verde esp'rança que meus olhos viram,

nas árvores q' entretanto se despiram,

agora, só vêem folhas amarelas...

Que formam belos tapetes p'lo chão...

Que, são pra pintores, bela inspiração.

Quis escrever versos e, de pena em riste

esboçei na mente, uma lind' aguarela...

Tentei em poesia passa-la pra tela

mas, apenas consegui, um poema triste...

Poeticamente esboçei novo quadro!...

Caminhando agora na orla dum lago,

vi nas suas águas imagens invertidas

de hastes esguias de choupos gigantes

que, em suas tremuras ondulantes...

Me fizeram lembrar, outonos de vidas...

Que d'igual modo, tremem ao constatar...

De q' o Inverno está prestes a chegar

e, de que um dia, jamais voltará Primavera.

Porque ao envelhecer, sua roupagem...

Tal como as hastes que vi na miragem,

a vida, deixa de ser tudo... que era...

Pro poema que tentei passar à tela

através dos vidros da minha janela

não encontrei as cores que queria...

Olhei a paisagem mais uma vez...

E, ouvindo a inspiração com sensatez,

deixei na tela uma monocromia...

PORTUGAL

2011

 

V E N T O

(Sextilhas)

©Joaquim Marques

 

Vento que fustigas montes

Que fazes chorar as fontes

Quando sopras suas águas;

Elas se agitam com medo

E te confiam em segredo

O porquê de suas mágoas.

Se surges do lado Norte

O teu ventar é tão forte

Que às vezes viras tufão;

Numa fúria sem aprumos

Desatinas e sem rumos

És caos e devastação…

Ao vires do quadrante Sul

Nuvens brancas céu azul

És sereno e bonançoso;

Mas se o tom é cinzento

Lágrimas de sentimento

Vertes, em tom copioso...

No teu bramir retumbante

Em teu ecoar constante

És supremo, majestoso;

Porém deixas esperança

De nos doar a bonança

Do teu lado carinhoso.

És o ar que alimenta

A vida que nos sustenta

Brisa que aproveitamos;

Pra levar os nossos beijos

Os carinhos, os desejos

Aqueles a quem amamos.

PORTUGAL

2010

 

 

 

 

 

 

   

    

   
   

 

 

 

 

 

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