Nós
Guilherme de Almeida
Fico - deixas-me velho. Moça e bela,
partes. Estes gerânios encarnados,
que na janela vivem debruçados,
vão morrer debruçados na janela.
E o piano, o teu canário tagarela,
a lâmpada, o divã, os cortinados:
- "Que é feito dela?" - indagarão - coitados!
E os amigos dirão: - "Que é feito dela?"
Parte! E se, olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus;
irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz adeus!
Guilherme de Almeida
(Guilherme de Andrade de Almeida),
advogado, jornalista, poeta, ensaísta e tradutor,
nasceu em Campinas, SP, em 24 de julho de 1890,
e faleceu em São Paulo, SP, em 11 de julho de 1969.
Eleito para a Cadeira nº. 15 da Academia Brasileira de Letras,
na sucessão de Amadeu Amaral, em 6 de março de 1930,
foi recebido, em 21 de junho de 1930,
pelo acadêmico Olegário Mariano.
Em 1932 participou da Revolução
Constitucionalista de São Paulo.
Distinguiu-se também como heraldista. É autor dos
brasões-de-armas das seguintes cidades: São Paulo (SP),
Petrópolis (RJ), Volta Redonda (RJ), Londrina (PR), Brasília (DF),
Guaxupé (MG), Caconde, Iacanga e Embu (SP).
Compôs também um hino a Brasília, quando a
cidade foi inaugurada. Em concurso organizado
pelo Correio da Manhã foi eleito,
em 16 de setembro de 1959,
“Príncipe dos Poetas Brasileiros”.
Era membro da Academia Paulista de Letras;
do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo;
do Seminário de Estudos Galegos,
de Santiago de Compostela;
e do Instituto de Coimbra.
Um dos promotores da
Semana de Arte Moderna,
em 1922, foi fundador da Klaxon,
a principal revista dos modernistas.
Traduziu, entre outros, os poetas Paul Géraldy,
Rabindranath Tagore, Charles Baudelaire,
Paul Verlaine e, ainda, Huis clos
(Entre quatro paredes) de Jean Paul Sartre.
Principais obras: Nós, poesia (1917);
A dança das horas, poesia (1919);
Messidor, poesia (1919); Livro de horas de
Soror Dolorosa, poesia (1920); Era uma vez...,
poesia (1922); A flauta que eu perdi,
poesia (1924); Meu, poesia (1925); Raça,
poesia (1925); Encantamento, poesia (1925);
Do sentimento nacionalista na poesia brasileira,
ensaio (1926); Ritmo, elemento de expressão,
ensaio (1926); Simplicidade, poesia (1929);
Você, poesia (1931); Poemas escolhidos (1931);
Acaso, poesia (1938); Poesia vária (1947);
Toda a poesia (1953).
Em 1931, tornou-se co-proprietário dos jornais
paulistas Folha da Noite e Folha da Manhã.
Manteve a coluna "Sombra Amiga" até o jornal
mudar de dono, em 1945; nesse período criou
também o Folha Informações
(atual Banco de Dados de São Paulo).
Guilherme de Almeida - Príncipe dos
Poetas Brasileiros
Pesquisa by Mary Trujillo
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