Maluca beleza
© Marilena Trujillo

 Assumo minha enorme loucura,
Sou produto de um tempo cruel,
Desaforado tempo de incertezas,
Onde a cara de pau rola a granel...

 Desfolho margaridas com espinhos,
Colho rosas pretas, tantas sem cor...
Piso no jogo de xadrez e rainha sou,
Do ódio que impera...  - Sou amor!...

 Dou gargalhadas da temida morte...
Que venha logo, não me assusto...
Pior que ela, é o calvário da vida,
É suportar os idiotas do mundo!...

 Maluca, lunática, treze, Zoró?...
Sou feliz sendo destrambelhada...
Vou chamando urubu de meu louro,
Sem engolir sapo, nem dar mancada...

 Que se dane quem não sabe amar...
Quem pensa que nasceu para semente,
Quem canta vitória... se diz o maioral...
- Mente... - Mente descaradamente!

 Lucidamente, amalucada sou...
Louca de pedra, imbecil, abilolada,
Fazendo versos, poesia, amando...
Até que minha vida seja encerrada...

 E mesmo assim, partirei sorrindo,
Valeu amar,  viver valeu a pena...
Não levarei peso na consciência...
Partirei tresloucada e serena!...

 

Maluco beleza
© Alberto Peyrano

 Não atam as minhas mãos as judiciosas sogas
nem o meu cérebro marcam os cânones impostos
minha consciência não me situa num certeiro plano
construído pelas tesas consciências racionais.
Mas este meu mundo erguido apenas
com as débeis cordas da minha harpa de sonhos
é tão maravilhoso como teus delírios
quando entre nuvens de loucura nos beijamos.
E ali vamos os dois, loucos unidos,
porque somos os dementes da noite
que numa tarde se deixaram, para sozinhos,
explorar o manicômio da vida.
Tua sem-razão te aproxima das minhas distâncias
de aquáticos poemas e peixes voadores
tua voz é o badalar dos sinos
que acordam o povo na alta noite
e une-se com meu canto de clarins
para arengar as hostes combativas.
Não há cadeado que possa emudecer meu coração
nem altivez profunda que me feche
o caminho para o pôr do sol
pois com certeza sei que ali está a liberdade.
Nossa insanidade inteira desatada
desandou o vento que marcava as valas.
Criamos asas que hoje nos levam em vôo
para os altos cumes da nossa maluquice.
Maluco sou dançando na tua louca festa!
Sou maluco! Isto sim é beleza!

 

Loca Belleza
© Marilena Trujillo

 Asumo mi locura tan enorme,
Soy producto de este tiempo cruel,
Insolente tiempo de incertidumbres,
Donde hay caraduras a granel...

 Deshojo margaritas con espinas,
Cultivo rosas negras y algunas sin color...
En el tablero de ajedrez yo soy la reina,
Y en el odio que impera... - Soy amor!...

 Me río a carcajadas de la horrenda muerte...
Que venga ya, que no me asusto...
Peor que ella, es el calvario de la vida
y tener que soportar a los idiotas de este mundo!...

 Loca, lunática, disparatada, tarada?...
Soy feliz siendo demente...
A veces hago como que el gato es una liebre
Pero no me equivoco... ni buzones me venden

 Que se dañe quien no sabe amar...
Quien piensa que va a quedar para semilla,
Quien canta victoria... o se cree un buen pastor...
- Miente... - Miente descaradamente!

 Lúcidamente, loquita soy...
Loca de atar, imbécil, confundida,
Haciendo versos, poesía, amando...
Hasta que mi vida esté ya concluida...

 Y aún así, yo partiré sonriendo,
Valió el amor, vivir valió la pena...
No llevaré peso en la conciencia...
Me iré muy loca... mas serena!...
Mary Trujillo

 
Loco... Belleza!
© Alberto Peyrano

 No me atan las manos las juiciosas sogas
ni a mi cerebro marcan los cánones impuestos
mi conciencia no me ubica en un certero plano
construído por tiesas conciencias racionales.
Pero este mundo mío levantado tan sólo
con las endebles cuerdas de mi arpa de sueños
es tan maravilloso como tus delirios
cuando entre nubes de locura nos besamos.
Y allí vamos los dos, locos unidos
porque somos los dementes de la noche
que una tarde se largaron, a solas,
a explorar el manicomio de la vida.
Tu sinrazón te acerca a mis distancias
de acuáticos poemas y peces voladores
tu voz es el tañir de las campanas
que despiertan al pueblo en la alta noche
y se une con mi canto de clarines
para arengar las huestes combativas.
No hay candado que pueda enmudecer mi corazón
ni altivez profunda que me cierre
el sendero hacia donde muere el sol
pues sé con certeza que allí está la libertad.
Nuestra insanía entera desatada
desandó el viento que marcaban las veletas.
Creamos alas que hoy nos llevan en vuelo
hacia las altas cumbres de la sana locura.
Soy un loco que danza en tu fiesta.
Loco soy! Y eso es belleza!
Alberto Peyrano

 Nossa carinhosa homenagem
ao querido cantor e compositor
Raul Seixas
O louco mais formidável do mundo!

 Mary Trujillo  & Alberto Peyrano
Brasil & Argentina

 http://www.megaone.com/peyrano/index2.htm


 
"Eu Prefiro ser esta Metamorfose
ambulante do que ter aquela velha opinião
formada sobre tudo"

Raul Seixas

 "Prefiero ser esta metamorfosis ambulante que
tener aquella vieja opinión
formada sobre todo".

Raul Seixas

 *28.06.1945
+21.08.1989

 Site oficial de Raul Seixas
http://www.raulseixas.com.br/frame_fotos.htm