CORAÇÃO INDOMÁVEL
Alberto Peyrano
Argentina
Em teu coração se fundem
O canto do centauro,
Que trota na floresta com seus cascos garbosos,
Olhando travesso o vazio da ninfa,
E a queixosa carícia de um rio inesgotável,
Barulhento e selvagem,
Inquieto e transbordante.
Oh, teu coração indomável...
Domá-lo eu queria com meus beijos,
Submetê-lo a carícias e sussuros,
Aquietá-lo à minha maneira,
Desfazer suas penas,
E cantar-lhe bem baixinho
Uma cena de “Hamlet”.
Se alguma vez o olhas
E o percebes,
Verás incorporado
O Fogo que o nutre,
Me verás a todo custo,
Pequenino e desconfiado,
Vigiando os solavancos
De teu sonho intranquilo,
Azedando teus dias
De incontáveis martírios,
Esboçando em seu ritmo
Mil canções de amor.
Teu coração!...
Potro selvagem, rei benemérito,
Insone poeta que imagina mil versos,
Criança sozinha e muito terna
Que se nega aos beijos,
Ancião sábio que às vezes dá conselhos,
Mas... fogo!
Fogo!,
FOGO!
Como um sol primordial,
Inesgotável e quieto.
LOUROS DA VITÓRIA
Tua indiferença
É um roedor penetrante
Que me corrói o cérebro.
Não obstante,
Meu poema te nomeia,
Alentando meu esforço
De sustentar intenso
Um amor tão estranho
Como o que te dedico.
Digna és de minha fronte
Troféu de meus amores ,
Me vi coroado contigo
Nesta noite imensa,
Mas tu não despertas,
Permaneces inerte
(ou talvez não te arrisques
a tuas próprias alturas
por temor do vazio).
Permaneço em meu lugar
Povoado de teus lírios,
Não me afeta o estreito
Corredor que te alivia
Com o passar das horas
A fantasia esquiva,
Nem me assusta que nada
Possa amaciar teu espírito
Que permanece adormecido
Quando minha boca grita.
Mas digna és, amada,
Se não, não serias minha,
Nem meu coração vazio
De tua presença incolor
Sonharia esperando
Teu fraco pulsar.
Rondam tuas misérias
Um caminho sombrio
De que não te separas
Nem ainda estando adormecida.
Eu seguirei a meu modo.
Sei que não muito longe,
Daqui algum tempo,
Encontrarei tua calma
Mas eu já terei ido.
Segue com tua teimosia,
Olha a cama vazia
Que te espera na noite
Para acabar contigo,
Continua rolando
Sobre teu próprio corpo,
Umedeça estertores
De gargantas vazias,
E cubra teus olhos
Com olhos de consentimento.
Não te atires ao encanto
De uma nova corrente,
Não te levam os ventos
A outros continentes,
Agarrada a tua bússola
Com teu norte apagado.
Vai sempre ao mesmo porto
Teu barco abandonado,
Preferes a confusão
Das luzes litorâneas
Ao silêncio profano
De algum bosque vizinho.
Fica em teu mesquinho
Paraíso roubado
De um tempo que teu ocaso
Contemplará agitado.
E se olhares então
Profundamente
Perceberás longínquo
Meu canto de censura.
Não me serve de coroa
Teu cipreste murcho.
Sei que ganhei,
Pois resgatei os louros,
Os louros da vitória.
SABES QUE ME AMAS.
Não rejeites, então,
Minha saudade e minha fome.
Volta teus passos
E me dá o coração.
Esperando estou,
Que tua alma inquieta
Recupere as atitudes
De tua menina adormecida
Que clama por ser vista
Sem saber que meus olhos
Há pouco tempo a viram.
Volta, menina minha,
E enfrentemos a noite
Que é tão nossa e longínqua.
Sabes que te amo
E tua majestade intensa
Considera vassalos
Os da minha idade,
Da minha raça
E não sabes nem entendes
Que o amor em meus olhos
Te prendeu a minhas entranhas
E é ali que não sabes
Que não segues reinando,
Que não segues mandando
Nos pobres vassalos
De teu reino de fumaça.
Baixa o cetro e aproxima
Teus lábios dos meus
E saberás novamente
De uma bela coroa
Que enfeitará tua fronte.
Sabes que me amas.
É tão surdo teu instinto?
É tão cego teu hoje?
É teu medo arraigado
Mais forte do que o amor?
Alberto Peyrano
Argentina
CORAZÓN INDOMITO
Alberto Peyrano
Argentina
En tu corazón se funden
El canto del centauro,
Que trota en la floresta con sus cascos briosos,
Mirando lascivo el hueco de la ninfa,
Y la plañidera caricia de un río inagotable,
Rumoroso y salvaje,
Inquieto y desbordante.
Oh, tu corazón indómito...
Domarlo yo quisiera con mis besos,
Someterlo en caricias y susurros,
Aquietarlo en mis centros,
Desbrozarlo de penas,
Y cantarle muy bajo
Una escena de “Hamlet”.
Si alguna vez lo miras
Y lo recuperas,
A la vez que incorpores
El Fuego que lo nutre,
Me verás a un costado,
Pequeñito y esquivo,
Vigilando el latido
De tu sueño intranquilo,
Asedando tus días
De incontables martirios,
Bosquejando en su ritmo
Mil canciones de amor.
¡Tu corazón...!
Potro salvaje, rey benemérito,
Insomne poeta que imagina mil versos,
Niño solo y muy tierno
Que se niega a los besos,
Anciano sabio que a veces da consejos,
Pero ¡fuego!,
¡Fuego!,
¡FUEGO!,
Como un sol primordial,
Inagotable y quieto.
LAUREL
Tu indiferencia
Es un roedor horadante
Que me carcome el seso.
No obstante,
Mi poema te nombra,
Alentando mi esfuerzo
De sostener intenso
Un amor tan extraño
Como el que te tengo.
Digno eres de mis sienes
-Laurel de mis amores-,
Me he coronado contigo
En esta noche inmensa,
Pero tú no despiertas,
Permaneces dormida
(o tal vez no te asomas
a tus propias alturas
por temor al vacío).
Permanezco en mi sitio
Poblado de tus lirios,
No me abruma el estrecho
Corredor que te alivia
En horas pasajeras
La fantasía esquiva,
Ni me asombra que nada
Pueda ablandar tu espíritu
Que permanece roca
Cuando mi boca grita.
Pero digna eres, amada,
Si no, no serías mía,
Ni mi corazón vacío
De tu presencia incolora
Soñaría esperando
Tu incipiente latido.
Ruedan tus miserias
Un camino sombrío
Del que no te separas
Ni aun estando dormida.
Yo seguiré en lo mío.
Sé que no muy lejos,
En un tiempo tardío,
Encontraré tu calma
Pero yo ya me habré ido.
Sigue dando tu esfuerzo,
Mira el lecho vacío
Que te espera en la noche
Para acabar contigo,
Continúa rodando
Sobre tu cuerpo mismo,
Humedece estertores
De gargantas vacías,
Y véndate los ojos
Con ojos permitidos.
No te abres al asombro
De una nueva corriente,
No te llevan los vientos
A otros continentes,
aferrado a tu brújula
Con su norte borrado
Va siempre al mismo puerto
Tu barco abandonado,
Prefieres el bullicio
De marineras luces
Al silencio profano
De algún bosque cercano.
Quédate en tu mezquino
Paraíso robado
De un tiempo que tu ocaso
Contemplará agitado.
Y si miras entonces
Desde las profundidades
Perfilarás lejano
Mi canto de reproche.
No corona mis sienes
Tu ciprés marchitado.
Yo rescaté el laurel
Y con él he ganado.
SABES QUE ME AMAS.
No rechaces, entonces,
Mi nostalgia y mi hambre.
Vuelve sobre tus pasos
Y dame el corazón.
Esperando estoy
Que tu alma inquieta
Recupere la frescura
De tu niña dormida
Que clama por ser vista
Sin saber que mis ojos
Hace rato la vieron.
Vuelve, niña mía
Y enfrentemos la noche
Que es tan nuestra y lejana.
Sabes que te amo
Y tu majestad intensa
Considera vasallos
A los de mi edad
A los de mi rango
Y no sabes ni entiendes
Que el amor en mis ojos
Te prendió a mis entrañas
Y es allí que no sabes
Que no sigues reinando
Que no sigues mandando
A los pobres vasallos
De tu reino de humo.
Baja el cetro y acerca
Tus labios a los míos
Y sabrás nuevamente
De una bella corona
Que adornará tus sienes.
Sabes que me amas
¿Es tan sordo tu instinto?
¿Es tan ciego tu hoy?
¿Es tu miedo arraigado
Más fuerte que el amor?
Alberto Peyrano
Argentina
|