Eu sou como à flor do jardim
Que todos querem cuidar
Aparentemente sou assim
Uma coisa de bem guardar.
Sou como ao cristal bonito
Que à vista é bem parecido
Só não se vê o que vai escrito
Por falta do que está partido.
Menino doce e apaixonado
Sempre inquieto no querer
É louco, ou desajeitado?
Que lhe importa disso saber!
Que lhe importa disso saber
É questão fundamental
Leva os dias no bem escrever
Que a escrever não vem mal.
E é assim como ao pião
Gira que gira a doidar
Que quem paga é o coração
Sem ter com que pagar.
Jorge Humberto
03:16/Julho/03/03
De algodão é a realidade
Jorge Humberto
Lá fora a noite segue tranquila.
Há respirações trazidas de uma infância,
à muito perdida, e tudo é pleno,
revigorante e suave,
surpreendentemente suave,
como essas águas que vejo correndo,
num rio compreensivo e correcto,
concreto...
e ponho seda nas estrelas,
algodão no esmiuçar das nuvens,
fragmentos deste meu querer
desenhando formas e sonhos,
um sorriso, de quem afaga, com os olhos,
os olhos que quer ver.
Jorge Humberto
28.01.2004
Eis o teu dia
Jorge Humberto
No dia em que, ao teu despertar,
Venha um sol, de novo amanhecido,
Não te convenças que é por ti,
Que ele te é devido,
Como não duvides de sua existência,
E assim no raiar de outro brilho,
Despe-te da tua incomoda aparência,
Olha-te ao espelho e sorri.
No que julgares para os teus demais,
Não mostres enfado, nem exageres de teu,
Que o que por ti for mostrado,
Ao outro esquecerá jamais,
Que é dele o que foi teu
E em ti permaneceu.
Assim como, se, chegando a ti,
Alguém houver que diga que sim,
Saibas tu, da mesma forma, dizer que não,
Com a virtude e o fervor com que te mostraram a ti,
O que agora em contraposição,
Dizes-lhe tu, de tua disposição.
É que quer à mentira, quer à outra,
Húmus da palavra,
Por tua verdade e teu nome,
A ambas vem igual prumo na ponta,
Assim tu em cada safra,
Não abdiques nunca de uma, em favor da outra,
Como de saber-lhes das duas a fome.
Jorge Humberto
07.01.2004

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